terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Hope that you sing along and it goes: Merry Christmas, kiss my ass... (8)

Quem era você há 365 dias?
Eu ainda era eu, essa mesma pessoa que sou no momento. Estava sentada nessa mesma cadeira, olhando para essa mesma tela, navegando nos mesmos sites toscos e esperando pelas mesmas coisas impossíveis.
Há 365 dias eu estava esperando pelo meu milagre de Natal, assim como estou hoje. Eu estava contando os minutos para ser feliz, para sair, me divertir, ver os fogos de artifício coloridos que iriam iluminar mais um Natal, beijar os rostos daqueles que tanto amo e sorrir com alegria, porque meu milagre de Natal teria se concretizado.
A verdade é que nem ao menos sei por que ainda espero.
Posso te dizer com certeza absoluta onde eu estava há 731 dias (até porque 2012 foi ano bissexto), eu estava aqui sentada nessa mesma cadeira, olhando para mesma tela, visitando os mesmos sites e esperando pelas mesmas coisas. Ao fim da noite fui esquecida, deixada debaixo de um lençol com a luz apagada a vigiar o meu sono que não vinha. Esperei alegria, esperei cores, esperei pessoas. Ninguém veio. Ninguém quis me fazer feliz.
E não é verdade o que dizem que as histórias são sempre as mesmas?
Acabei minha noite acompanhada de um silêncio absurdo e um vazio que me deixou muito incomodada. Ninguém parecia perceber que aquele barulho baixinho vinha do meu quarto, ninguém percebeu que eu estava me afogando.
E é por isso que eu odeio o Natal. Ele me lembra de todas aquelas coisas que eu queria fazer e não fiz, ele me lembra de que no fundo todos os finais são iguais e nem sempre eles justificam os meios. Ele me lembra quão solitária uma noite pode ser.
Ele me lembra o quão solitária eu sou e o quanto isso me destrói.
Eu passo 364 dias fingindo não me importar, mas nesse dia em especial eu tenho uma tendência estranha de chorar até dormir.
Mas ainda tem algo sobre o Natal que me deixa aliviada, ele, pelo menos, não me castiga tanto quanto o Ano Novo. Ah, esse sim me deprime.
Porque o Natal, pra mim, é o começo do fim. Mas o Ano Novo é quando acaba tudo.
Só pra começar de novo.
É um martírio.

Feliz Natal!

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

How could you be so heartless?

Infelizmente, depois dele, eu tive essa ideia de parar de me importar. De repente eu esfriei por dentro de uma tal maneira que quem me via, mesmo de fora, pensava que eu era uma geleira. Prometi que já não ia mais ligar pra ele, que sua foto no facebook com a nova namorada não mais me incomodaria, que se estivesse online no chat eu não ia puxar conversa.
No começo foi difícil, afinal no começo, às vezes, o gelo queria derreter e eu ficava sem saber o que fazer, não sabia se derretia de vez ou se diminuía mais ainda a temperatura, pra tudo aquilo voltar a congelar de uma vez dentro de mim. Claro que eu escolhi a segunda opção e virei uma pedra congelada. E assim fui vivendo. A lembrança dele já não mais me incomodava e devagar eu fui deixando tudo para trás e me tornando cada vez mais fria, cada vez mais difícil de alcançar.
Quem dera eu pudesse ter sabido.
Gelo não é fogo, mas queima. E queima doído, ainda mais para quem é desavisado. Quem dera eu pudesse ter sabido que não existe isso de "vou ser gelo pela metade, o resto eu conservo derretido", quem dera eu pudesse ter sabido que não existe isso de ignorar só um pouco. Porque água no freezer ou congela tudo ou não congela. E eu congelei inteira.
Por isso eu sou assim, por isso eu pareço não ligar para nada do que você diz. O problema não é você, o problema foi ele e as escolhas que eu tomei graças a ele. Eu realmente não me importo, mas não é porque eu não quero, não sou assim porque eu quero. Não o tempo todo, pelo menos, mas é inevitável.
E não adianta só querer voltar ao normal, não adianta você chegar e dizer "ok, hora de você voltar a se importar", não é bem assim. O frio penetra, o frio se espalha, o frio consegue alcançar até os menores esconderijos dentro da gente e se tem uma coisa que eu aprendi é que se congelar é difícil, mas depois que se dá a solidificação, se derreter é mais difícil ainda.
É trabalhoso, precisa ter certa quentura. Quentura essa que falta nas pessoas e falta em você também. Então se você é morno, não espere conseguir me descongelar a menos que você esteja fervendo. Mas como eu sei que voltar a ser o que era antes não vale a pena, vou continuar aqui, recolhida no meu freezer particular.
Só não fique triste, por favor. Se bem que... Não que eu me importe, de fato. Não muito, pra falar a verdade. Sinto muito. Não, espera... Não sinto nada. Já ouviu falar que gelo anestesia?