quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

The time has come to say goodbye...

Eu sempre sei a hora de dar tchau, então por que quando as pessoas se despedem de mim eu fico tão triste? Por que, mesmo sabendo que elas estão partindo, eu espero que voltem no último minuto revelando que mudaram de ideia, que vão ficar mais um pouco?
Por que eu quero que elas fiquem mais um pouco, pra começar?
Que medo é esse que me domina, que faz com que eu tema tanto me sentir só? Se no fim das contas eu sei, eu sinto, que serei deixada sozinha? Sozinha para pensar em todas as coisas que eu queria ter dito e não disse? Sozinha para desejar que as coisas não fossem tão complicadas? Sozinha para imaginar se na próxima conversa as coisas continuarão as mesmas? Sozinha para exorcizar meus próprios demônios, sozinha para a mente vagar em direção a outro tempo.
Eu queria saber deixar ir, mas essa coisa de "live and let live" não funciona muito bem comigo. Eu queria que a hora do adeus não doesse tanto, afinal todos irão se despedir no fim... Mas então por que eu espero sempre mais? Qual é o motivo dessa mania chata de querer prolongar os minutos em hora só pra jogar mais um pouco de conversa fora, querer trocar mais um sorriso tímido, um olhar profundo, que diz tudo?
Por que eu te quero de volta quando sei que a culpa do adeus foi minha? Por que eu te quero de volta se eu sei que tudo o que se tinha para dizer já foi dito?
Acho que sou sempre eu que dou o “adeus”, mas nem ao menos sei me despedir direito. Por que dar tchau é tão difícil?
Mas tudo bem vai lá, boa noite. Eu sei que você não vai sonhar comigo, mas eu vou estar aqui, sonhando contigo. Não é isso o que eu tenho feito, inclusive à luz do dia? Vou ficar aqui te esperando, até o dia em que o "adeus" vire um "até logo", mesmo que mais prolongado.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Your promise was you would hurt me...

Acho que a pior parte de viver essa vida que eu estou vivendo é saber que você não cabe em nenhum pedacinho da minha nova rotina. Acho que o que mais dói em mim, até hoje, foi o "adeus" que eu não dei. Nem ao menos chance de me despedir eu tive.
Mas a verdade é que eu ainda te procuro em todos os lugares, eu vejo seu rosto em todos os rostos que eu vejo, tem um pedaço seu em cada canção triste que eu escuto e a cada lágrima que eu deixo escorrer é um pouco da saudade que eu guardo dentro de mim, quando penso em você.
Dizem que o tempo cura tudo, mas acho que o tempo é apenas uma anestesia. Por todo o tempo que eu deixei correr você ficou adormecido dentro de mim. Eu sabia que você estava lá, eu te ouvia ressonar de leve toda vez que eu me distraía, eu podia sentir quando você se movia, às vezes mais presente, às vezes mais escondido. Mas tudo sobre mim era você disfarçado.
E eu acho que todo esse tempo eu fui apenas um molde. Um molde de quem eu realmente seria se o furacão que é você não tivesse passado e levado tudo. Acho que você nunca soube, realmente - ou sabe melhor do que ninguém -, como é se sentir assim tão vazio. A esperança pode ser um sentimento complicado de se lidar, ainda mais porque ela é uma espécie de erva daninha: cresce em qualquer terreno, mesmo sem ser querida. E a questão por trás de tudo isso é se eu quero remover ou não.
Acho que não.
Acho que sentir isso é injusto, sabe? Acho que se prender em memórias deveria ser pecado, acho que se consumir em saudade devia ser proibido, acho que o que você fez não devia ter perdão. Mas adivinha: eu te desculpo, e prometo, não falo mais nisso. Você sabe, aquela coisinha engraçada e grudenta chamada amor. E quero só ver quando chegar sua vez se você vai conseguir se livrar assim tão fácil.
Mas você é engraçado, você sempre sai correndo no final. Aliás, você nem espera chegar ao fim, você se adianta e some. Chega, faz uma bagunça e depois vai embora, levando tudo com você. É assim que você é, como se fosse uma força da natureza desgovernada, cujo único papel é a destruição iminente. Você faz as pessoas transbordarem.
Você me fez transbordar umas três vezes, como uma onda no mar, indo e vindo, me puxando e depois me deixando lá para me afogar, ou me empurrando de volta. Você me levou à margem do precipício, mas não me jogou, só me deixou lá na beira sem ter pra onde ir depois.
E eu fiquei parada, só te esperando voltar, só desejando que aquela não fosse a última vez, só olhando para o horizonte e vendo sua sombra todas as vezes que o sol se punha e eu olhava para o chão. Mas é como eu disse uma vez para um amigo: Uma garota sempre sabe quando será a última vez. E aquele dia eu sabia que seria o último.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

... Just give me one more try;

Eu sei que você sempre odiou essa minha mania chata de colecionar coisas. Eu sei que você odiou aquele dia em que eu organizei sua gaveta de meias e o dia em que eu deixei seu closet alinhado por cores. Eu sei que você nunca foi capaz de entender como uma garota tão bagunçada tem uma mania tão aguçada de organização. Nem eu entendo, para falar a verdade.
Esses dias eu me lembrei de quando você me disse que certos olhos refletem a alma, mas que naquela noite os meus não refletiam nada. Me lembrei que você, quase gritando, disse que não aguentava mais minhas manias estranhas e que achava melhor dar um tempo. Me lembrei que ao invés de chorar, como as garotas de coração partido fazem, eu fui para casa e organizei meu armário e minha estante de livros.
E durante toda a organização eu pensei em você.
Porque é aí que está a questão que você não entendeu e nunca será capaz de entender: algo, em minha vida, precisa fazer sentido. E quando eu já não faço mais sentido, procuro organizar qualquer coisa que precise ser organizada, já que não posso - ou não consigo - fazer isso comigo mesma.
Você não entende que uma coisa tão quebrada, tão confusa, tão bagunçada por dentro, precisa arrumar o que quer que seja que exista por fora só para fingir que nada é desarrumado, quando o interior é tão abandonado e dolorido. Parece que o melhor jeito de curar as feridas é ignorar que elas estão ali, fingindo não mais as sentir.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

but I'm barely breathing;

Você sabe, meu amigo, um coração é como a bateria de um carro. Cheguei a essa conclusão depois de algumas análises críticas e pessoais.
Não prestei muita atenção nas minhas aulas de mecânica, assim como ignorei e matei algumas de biologia, mas o pouco que eu sei é que ambos são mecanismos muito complexos e quando não estão em perfeito funcionamento, desregulam todo o resto dos equipamentos.
Foi engraçado o que aconteceu em uma segunda feira de sol.
Ok, a verdade é que não foi nada engraçado.
O caso é que meu carro começou a ficar estranho, de repente. Começou a querer demorar um pouco para pegar e, às vezes, quando ligava, morria do nada. Uma vez, ou duas vezes seguidas. Mas o pior é que não parecia nada, parecia só algo rotineiro de um carro que já tinha certa idade e que, provavelmente, estava com o tanque não muito cheio.
Acontece que um dia, assim de repente, ele parou. Estava andando normalmente, estacionei por dez minutos e quando voltei para ligá-lo novamente... Quem disse que ele ligava? Tinha morrido. Não para sempre, é claro, mas naquele dia ele fora descartado. Quero dizer, não ligava mais, o que tinha, eu, para fazer?
E foi sem avisos, sem previsões, tudo bem, ele andava estranho, mas era ocasional, não avisou nada no painel, ele mascarou muito bem que a bateria estava no fim.
Daí eu paro e fico refletindo: pensa no mecanismo de um carro. O mecanismo do corpo humano é muito mais perfeito, porém muito mais complexo, também. Se um carro mascarou o problema na bateria, imagina o quão bem um ser humano pode mascarar um problema no coração...
Passei a vida inteira ouvindo sobre corações que se partem, sobre corações partidos. Recentemente ouvi dizer que quando se partem, nem ao menos o fazem em pedaços iguais... Mas o seu, amigo querido, ganhou o prêmio. 
Sei lá que tipo de válvula ou engenhoca você tinha aí no peito, sei lá por que tinha que ser justo no seu peito, sei lá se alguém já havia partido seu coração antes, em pedaços bem mais pequenos, mas acontece que de repente parece que você resolveu partir o meu, partindo definitivamente o seu.
Acontece, amigo, que a sua bateria morreu. E assim como a bateria do meu carro, você não estava indicando nada no seu painel. Foi sem aviso, como se de repente você começasse a dar defeito, defeito esse que já vinha dando há anos, mas você fingiu que não. E se em um dia demorava a pegar, no outro parou de pegar de vez. E morreu!
E quando eu ainda escuto as pessoas falando sobre corações partidos, eu me lembro do seu: O mais partido de todos. O mais doído. Porém o que eu mais gostava dentre tantos, o maior, o que mais tinha a oferecer.
E o pior de tudo é que diferente da bateria do meu carro, que eu já troquei, por um acaso, você é insubstituível.